RODRIGUES ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA

ADVOGADO ESPECIALIZADO EM DIREITO PREVIDENCIÁRIO E GESTÃO PÚBLICA.

domingo, 31 de março de 2013

Como fazer o temido plano de negócios


A elaboração de um business plan é um exercício extremamente saudável, pois possibilitará ao empreendedor ter uma visão mais tangível de sua empresa
Por Carlos Miranda*
Frequentemente sou procurado por empreendedores que possuem grandes ideias e que estão pensando em começar um novo negócio ou mudar o existente de forma importante e, para tal, estão em busca de financiamento via sócios financeiros. A primeira orientação que dou a essas pessoas é que elaborem o seubusiness plan ou plano de negócios.
A maioria dessas pessoas reage como se acabasse de ouvir um palavrão. Na sequência, ficam extremamente desanimadas, como se a sentença de morte de seu negócio tivesse sido assinada. Os mais persistentes pedem orientações sobre empresas ou profissionais que possam ajudá-los nessa tarefa, mas o fato é que a grande maioria foge a todo custo da elaboração do documento.
Fazer um plano de negócios não pode e não deve ser encarado dessa forma, pois o mesmo nada mais é do que uma tradução daquilo que se espera para um negócio. Aliás, a elaboração de um plano de negócios é um exercício extremamente saudável, pois possibilitará ao empreendedor ter uma visão mais tangível de seu negócio e prever (ou tentar prever) as principais variáveis que irão impactar o mesmo.
Se o empreendedor não está acostumado com planilhas e apresentações, isso é o que menos importa, o que realmente importa é tentar estimar o comportamento daquelas variáveis mencionadas.
Para tentar desmistificar o plano de negócios e para que o mesmo seja, de fato, um exercício positivo para o empreendedor, vamos entender a lógica de um e como seria o seu passo a passo.
Primeiramente, vamos separar os grandes grupos que influenciam a vida de uma empresa: receitas, custos fixos, custos variáveis, tributos, investimentos e capital de giro. Se o empresário conseguir, de forma organizada, separar esses grupos e dividi-los em sub-grupos e, a partir daí, alimentar as informações dos mesmos ao longo de um período de tempo estimado, terá, muito provavelmente, se não um plano de negócios sofisticado, pelo menos um bom plano de voo e alguma previsibilidade para o seu empreendimento. Vamos então ao que fazer em cada grupo e seus sub-grupos.
Comecemos pelo mais gostoso, as receitas. Nesse grupo vamos tentar simular e subdividir todos os grupos que gerarão receitas para a organização. Aqui o mais importante é delimitar o que se pretende vender e para que público. Definir o mercado de atuação, seu tamanho e a real demanda pelos seus produtos ou serviços é fundamental para não ter surpresas no futuro. Nessa simulação deve-se estimar também o preço que se pretende praticar e se o mesmo público estaria disposto a pagá-lo. Uma regra importante para um bom plano de negócios é tentar obter a maior quantidade de detalhes possíveis, tais como quantidade de itens, valores unitários, volume de vendas, entre outros.
O próximo passo deverá ser estimar os seus custos fixos. Esse parece um exercício mais fácil. No entanto, durante o seu exercício o empreendedor normalmente lembra de alguns custos que não havia previsto e, mais importante, reavalia a real necessidade de alguns deles vis-a-vis o tamanho de sua organização. Eu sempre digo que devemos pensar grande, mas não em relação aos custos fixos. Uma empresa deve sempre ter custos de acordo com o seu tamanho e não deve jamais financiar as vaidades de seus sócios. Aqui a regra é pé no chão.
O mesmo deveremos fazer quanto aos custos variáveis. Veja que os mesmos estarão sempre variando conforme o seu negócio cresce e, portanto, a sua receita. Aqui o importante é listar como ocorre essa variação e quanto se pode reduzir essa relação entre receita e alguns custos. O nome aqui é busca de eficiência.
Nos tributos eu sempre recomendo que não se busque nenhuma mágica tributária. Faça o mais simples e correto de tal forma que os famosos planejamentos tributários não ortodoxos não se tornem no futuro entraves para seu crescimento e riscos para você e para algum potencial investidor.
Quanto aos investimentos, deve-se prever toda a estrutura necessária para aquele negócio se desenvolver. Aqui o erro mais comum é não considerar que o negócio, muito provavelmente, ficará um bom período sem gerar receita. Considerar esse período de forma conservadora é fundamental para não deixar de considerar os custos pré-operacionais.
Finalmente, uma variável que muitos esquecem de simular: a necessidade de capital de giro. Normalmente essa necessidade de capital de giro é obtida com uma conta simples: tudo aquilo que se tem para receber no curto prazo menos tudo aquilo que se tem para pagar no curto prazo. Dependendo da natureza do negócio, dos prazos de recebimento e do pagamento a fornecedores teremos uma maior ou menor necessidade de capital de giro.
Muitos negócios quebram pois pouca gente entende que o capital de giro deve ser compreendido como uma máquina ou equipamento necessário para a “produção”. O que quero dizer aqui é que esse dinheiro necessário ao negócio tem algumas regras específicas: não deve ser distribuído aos sócios, deve ser previsto e revisto sempre ao longo da vida da empresa e a cada movimento de crescimento deve ser provisionado para não gerar necessidade de endividamento desnecessário.
Durante vários anos fazendo e revisando planos de negócios, aprendi várias lições, mas uma das maiores é que empreendedores por sua natureza são seres diferenciados e extremamente otimistas e é aqui que está o maior desafio para elaborar um plano de negócios: ser o mais conservador possível, principalmente na hora de projetar as receitas. O otimismo pode voltar, mas só depois do plano estar pronto. Outra coisa importante para não esquecer. Investidores ficam mais seguros na medida que percebem nos empreendedores um maior domínio sobre a sua empresa e um maior conhecimento sobre o que pretendem para o futuro e, realisticamente, como chegarão lá. Boa sorte!
*Carlos Miranda é presidente e fundador do fundo de Private Equity BR Opportunities, mestre em administração de empresas pelo IBMEC RJ e co-autor do livro “Empresas Familiares Brasilieiras”, organizado pelo Prof. Ives Gandra Martins 
twitter: @carlosmiranda2 

Nenhum comentário:

Postar um comentário